Do pouco tempo...

Do pouco tempo que me resta

Vejo a vida como um mero espectador

Através de uma fresta...

Pela cidade já não ando

Pelo teu corpo já não amo

Aos céus, sequer eu clamo...

Do pouco tempo que me resta

O vírus é o rei, com sua coroa

A realidade se esboroa

É tarde demais.

E, tal como disse Marx,

Tudo que é sólido se desmancha no ar...

Não me manifesto, deixo estar

Imobilizado, contido, escondido

Espero passivamente a vida passar

O recurso acabar

Espero, enfim, me encontrar

Desvalido

Pois, neste trágico momento

Nem lutar seria válido

Apenas um mero espernear

Inútil?

Do pouco tempo que me resta

Não há mais nada de útil

Nada mais presta...

Que tal adiantar o final da festa?

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 14/12/2020
Reeditado em 31/01/2021
Código do texto: T7135383
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