NEM MESMO SEI QUAL É TEU NOME!...(Itabuna, 23 dezembro 79)

Bastava apenas o fel

Do desgosto

Que me deste, o gesto

Cruel

De tratar- me

Qual um traste,

Um molambo a implorar-te

Migalhas de afeto,

E eu bobo, ter acreditado

Num engodo - um falso amor

Que me juraste!

Falhei, pois, sim!

Deponho as armas contristado!

Deveria , outrossim,

Ter-te odiado tanto!

Porém, cego, iludido e tonto,

Caira aos pés do teu encanto!

Pássaro livre, quis voar

Aos mais altos píncaros,

Beija-Flor apaixonado

Ousei pousar,

Na flor

Mais linda do prado.

Fugiu- me dos sonhos -

A louca fantasia ,

Quebrou-se o encanto -

Murchara no galho pendida,

A flor do campo, varrida

Pela ingratidão

De quem eu idolatrava tanto!

É que, ao gorjeio

Do enamorado

Pássaro se fechara,

Zombara então,

Do sincero afeto

Que te dedicara,

Fingindo amor

Que não sentia!

Não te maldigo não!

Cindira, ou Safira!

Nem mesmo sei

Qual é teu nome!...

Tanta importância dei

Ficcionado,

Pueril e tolo,

A uma ilusão,

Uma mentira,

Que por muito tempo

No peito alentei!

Agora livre

De uma obsessão,

Resignado proclamo:

Adeus, Safira,

Ou Sindira!

Nem mesmo sei

Qual o nome

Que te chamo!...

JUCKLIN CELESTINO FILHO
Enviado por JUCKLIN CELESTINO FILHO em 04/10/2020
Reeditado em 31/03/2024
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