se te rio
quando olhas assim disfarçado em descuido
distraído, sugeres um debruçar atento
nos detalhes discretos suspensos no muro
que escalo sem medo de tombo ou razão
não percebes que inundo o mesmo percurso
se te rio, é um mar que deságua do canto
águas amanhecidas que sonham o teu curso
percorrer a nascente que brota de um vão
quando olhas assim disfarçado em espanto
assustado, sugeres refreie as vontades
não percebes que assim alimentas um tanto
enorme dos desejos que me fervem os nãos
e, apesar dos olhares, os meus, em deságue
em disfarces sinceros, em distâncias seguras
como rios distintos que não sonham mares
vão lambendo as margens da tua ternura
- Lena Ferreira -