O amor, o sol e o corpo
Assim, feito árvore plantada no deserto,
espero a chuva fugidia, sem nome, tão distante
do solo do meu coração.
Do beijo, apenas um gosto simples
a querer dizer que não temos mais nada
e que o amor foi embora
para o único oásis à frente dos nossos olhos.
Andarilho, zíngaro esbaforido, peregrino do sol.
Se beberes de minhas esperanças,
meu calor será abrandado,
e nossos corpos reencontrados
como as mãos dos Tântricos carinhos a deslizarem
na alma de nossas peles, no sigilo de nossos chacras.
De verão em verão, eu te amo desse jeito diferente,
esquecido de lembrar que teus seios trazem mel
à minha boca, e que minha saliva é o ouro de teu gosto,
paladares às bocas, rios aos mares, carnes sob o mais fino lençol.
O calor continua imenso por aqui,
volta, entra em mim, e tudo ser-nos há bem diferente,
como quando batem as asas dos anjos, e o vento, sentem...
Poema inédito (01/09/2020)
Paulino Vergetti