O ORGASMO DA PALAVRA
Ouço uma constante e íngreme sineta
A correr bem para lá, devagar, ao fundo
Com as correções do mal fez o mundo
E uma baixa voz me pede que te meta
As minhas vaidades sobre a preta saia
Atormentadas pelo latir dos lábios
Que me ajoelham para que não saia
Dessa sede que nos seca a nossa praia
Desse conceito que nos torna sábios;
Agora, se no crepúsculo me ouvires
A desdenhar esse agoniado silêncio
De modo que nossos olhos arco-íris
Sejam, não me guardes o teu incenso.
Saurimo, 08/08/2020