TÊ-LA
Beleza translúcida, o véu a luz seu
colo o ombro, o anjo
há delicadeza do busto, vai muito além
o gostar não chega perto
E o absurdo do sentir, só de imaginar
são ao soar uma palavra “minha”
Em meus desejos carnais, nada elegante
nada poético, vulcânico
Sinto as unhas penetrarem na carne, num
fechar de mão
Simplesmente possuir, o bastante, tê-la
suas pernas, seu dorso
A nuca os pés, me afundar nos cabelos
Sentir o seu cheiro
Pecaminoso, convite ao banquete, de amor
sem pudor
Nessa gula insana, da preparação, é
maestria o lobo desperta
Te vejo nua minha gazela, te, tempero
com amor
Nossos corpos, embriagados, sem atos a
comando desse êxtase
Deusa que liberta meu furor, o instinto do
amar sem limites
Nessa cútis alva deixo minha marca, não
sem antes marcar a minha
Toma posse ordena, aguça a fome o desejo
da nobre caça
Nosso deleite, minha pericia sua malicia
nosso sabor
PEREIRA ADELE
07/06/20