Desejo Místico

Evocado do guarda roupa, refugio-me em terras sem cores,

povoada por seres de corpos sem aura mágica.

Embora plurais, vivem sobre o controle de um chicote normativo,

peça elementar das tabernas dos magos fundamentalistas.

Povos não dotados do saber dado pelos oráculos,

Mas guardiões de dotes fálicos, de cheio embriagante.

Prováveis criações de Dionísio, cultuadores do vinho, das festas,

sinto-me como o bebedor que anseia deitar-se junto à deidade.

São como híbridos das planícies que jorram o mais doce néctar dos deuses.

e intoxicado pela visão desses corpos, quero a união de nossos sexos.

Tornar-me amante dos homens, e pela maça partilhar de sua libertinagem,

ansiando ser arrebatado ao nirvana de gozos místicos e carnais.

Aquietem-se por tanto, e não temam os meus toques,

pois como servo de Shakespeare, mesmo tendo vontade própria,

sou obrigado pelo dever, me sucumbir aos seus selos de respeito,

inclinando-me a não lançar sobre vós minhas investidas insanas.

Entretanto, em meu estado de controle, quase que visceral,

farei uso de meu fantasma nobre e invocarei os Erotes.

Nos jardins suspensos da Babilônia encarnarei o próprio Himerus,

ficando suscetível, com o sexo exposto, como que em convite a sua fome.

Não resistam aos seus instintos primitivos, libertem-se dessa casca,

e sob o luar que banha os jardins, deixem que a tensão se torne tesão.

Que o causador desse seu pulsar, desta tua rigidez,

seja envolvido por teu apetite e adentrado por seus mais íntimos desejos.