EXTASIADA
Nesse espelho
Me vejo nebulosa
Entre o choro da vidraça
Olho as ruas em silêncio
No cair da meia-noite
Risco uma cantiga
Que destrincha
E soluça o peito
Arrisco uma dança
Em movimentos
Tiro as gotas da taça
No toque suave
Rosqueando a língua
Deslizo-a no peito
No frescor das gotas
Sussurros e gemidos
Suspiro na vidraça
No silêncio
Toco os dedos
Sentindo a pele
Eu amei, perdidamente
Numa noite vazia
Deixei meu ego
Voar pela janela
Extasiada
Em uma cantada
Refletindo na vidraça.