Seleção do Autor: 11 poesias sensuais
seios
lua cheia
de desejo
pousei meus lábios
em teus seios
[sei-os ardentes]
rocei-os
docemente
sem receios
[cheio
de desejos]
no roçar da língua
não titubeei
beijei-os
lambi-os
o céu de minha boca se encheu de estrelas...
como as peras
belos como as peras colhidas
nas manhãs orvalhadas
são teus seios...
saciam a fome de alimento
saciam a sede de amor
teus seios nas manhãs
como as peras
agasalhadas em sutiãs
Nudez
Vê-la nua corpo em chamas
Lábios e boca abertos ao beijo
Contorcendo desejos sobre a cama...
Doce menina sedenta de prazer
Mulher plena em plenilúnio
Etílico corrompendo meu ser...
Navegarei em teu dorso como quiseres
Eu marinheiro de versos e mares
Serei teu guia se tu me guiares
Por esses labirintos quereres
[seios pênis clitóris orgasmos]
Subir contigo aos ares
Depois quedarmo-nos
Em diversos marasmos
prazer
quero me perder
nas ondulações sensuais do teu corpo
cegar-me com o brilho dos teus olhos
quero seguir
o teu hábito
achar-me em teus passos
quero sentir
o teu hálito
embriagar-me em teus braços
como as ondas do mar beijando a areia
quero beijar teu corpo
em cada curva estacionar meu sonho
quero ser atrevido
violar os teus sentidos
afogar-me em tuas águas
mar de delícias
envolver-me em carícias
roçar meu corpo em tua pele
sentir o calor
brotar em nossos poros
quero me atazanar me estrepar
em teus espinhos
conquistar palmo por palmo errante
tua selva misteriosa
eleger-me teu bandeirante
quero teu corpo molhado suado
a formar vapor subindo
virando nuvens no céu
chuva caindo sem assombro
sobre a terra fértil
quero-te ave de múltiplas cores
pousada sobre meu ombro
Mulher Ensolarada
a lua lumia o mar
dos olhos da mulher
que jurou me querer.
naturalmente olhando
com seus olhos de luz
timidamente nua
abraçava o vento beijava o sol
o vestido voando na tarde de arrebol.
mulher ensolarada
deixou-me lua murcha
e estrelas miúdas
em triste marcha
erótica
foi o vermelho forte do batom
um vermelho raro
mais que agressivo
foi possessivo
o olhar preso ao batom
em grossos lábios
não não foi o batom
nem os lábios
foi a boca toda a língua úmida
os olhos traduzindo
batom lábios
o leve toque nos cabelos com a ponta dos dedos
e o esboço de um sorriso insinuando sexo explícito
vermelha
vestiste a cor do amor
do desejo
camisola vermelha
vieste saciar a sede
na fonte dos lençóis
cor de sangue
vermelha e sensual
o encontro de yin yang
Desejo
No começo era o verbo e o verbo se fez emoção
adornado em poemas de carne viva.
Desejo.
Amellie mítica
Amor e volúpia sob o véu e alma nua.
Amellie mística
Sensualidade e candura.
Menina
Mulher
Saboreava suas palavras impressas
e a via esplendidamente nua em desfile na Barra
Ipanema
Alimentando meu desejo.
Saboreava Amellie
Salivava Amellie em longas noites de insônia
enquanto um outro dia aniquilava meu ser.
Sonhos que me levavam à culminância
de desejo que no desejo perdura.
Amellie mudou a forma de meu sonhar...
As noites eram degraus,
desnorteadas galerias,
invadia minhas insônias sem cerimônias,
despida de vestes,
sob o corpo diáfano a exuberância libidinosa.
Contudo coberta por uma camada fina de inquietude
à procura de calmaria.
Em noite transtornada me arrancava o coração
e o exibia à turba ensandecida.
Nas manhãs frias das paredes rubras do meu quarto
prefixado em amor e desejo
Amellie me atira em sua rede de mármore
Vazia
Oca de mim...
Amellie se revela verdadeira, inteira:
fêmea faminta e farta de deserto.
Necessito, como Demócrito arrancar os olhos e pensar.
Fundirei as mãos ávidas em seu precioso colo.
Pele macia.
Seios fartos onde jorra o leite e o mel.
Sorriso largo à espera do beijo
E nesse meigo declive saciarei o desejo que assalta meu sono
Sexo Ecumênico
Ao adentrar-se n’alcova, trazia no rosto,
a expressão de uma loba no cio,
preparada para, sobre o colchão macio
entregar-se ao coito selvagem.
Deu-se então o início
uma languidez ecumênica
e a loba não foi econômica:
posou musa muçulmana,
católica apostólica romana,
depois se fez eclética,
exótica esotérica
kardecista e umbandista
e sedutora evangélica.
Após o ritual budista,
um espetáculo mágico:
Ao praticarmos sexo tântrico.
E ao raiar o dia,
grávido, pari esta poesia
Fluidez
Sua libido sai dos poros
Desejo que brota sem decoros
Expande sob estrelas cálidas
Das linhas do coração meigo
Costura pele tecido frágil
Nestas manhãs tão pálidas
Vem de seus olhos polidos
Lábios de contornos talhados.
louca sedução
na minha lida ou vida amarga,
cuja visão tarda,
só posso ofertar-lhe lua esquálida.
foi sobre palcos de marfim,
cantando uma ária
para uma platéia inexorável,
que minha bisavó chegou ao fim.
meu bisavô, em estado deplorável,
deixou-se levar por uma dose de cianureto.
meus ancestrais, circunspetos,
eternizados em mármore.
minha avó e meu avô em marcha célere,
foram se juntar aos pais,
estirpe de herois sem causa,
em laje fria repousa.
minha mãe lanhou o corpo com uma pedra afiada
e se embrenhou na mata,
para não mais ser avistada.
seguindo a sina de meus ancestrais meu pai perdeu o juízo.
por isso te ofereço a minha solidão,
ofereço meu breu,
minha amargura,
as agruras de Prometeu.
mas no fundo d’alma,
quero te seduzir com a minha loucura
Imagens: arquivo do autor