NO ESPELHO - À FLOR DA PELE
FRIA E CHUVOSA MANHÃ,
OUÇO O BARULHO DAS GOTAS,
O TIC TAC DO RELÓGIO,
DESPERTAR, HORA DE LEVANTAR.
SINTO O CHEIRO DO CAFÉ, SABONETE,
ATREVO -ME A ENTRAR NO CHUVEIRO,
ATRASAR-TE , TENTANDO PARAR O TEMPO.
APRECIO ,VIAJO,
APROVEITO O MOMENTO,
PERDER-ME EM PENSAMENTOS ,
ENQUANTO A ÁGUA CAI PELO CORPO.
MANTENHO O EQUILÍBRIO ,
ESTADO DE TORPOR,
OLHAR FAiSCANTE,
ATREVIDO, PERTURBADOR .
CORPO À FLOR DA PELE, ENSABOADO,
REFLETIDO NO ESPELHO EMBAÇADO,
REVELANDO O FRUTO DESSA INTERAÇÃO,
QUASE EM DECOMPOSIÇÃO.
OLHOS CERRADOS, COMO QUEM FAZ UM PEDIDO,
BOCA ENTREABERTA, SUSSURRANDO NO OUVIDO,
CLAMANDO POR MAIS UM MINUTO DE ATENÇÃO,
IGNORANDO O TEMPO, ESQUECENDO A RAZÃO,
TUDO ESTÁ PERDIDO, ENTREGUE À PAIXÃO.