Segredo

Conte-me em segredo os seus desejos imundos que o mundo se inunda de pavor ao ouvir.

Diga pra mim soprando em segredo com a iniciativa do sobressalto do primeiro instante, vai, não tenha medo ou vergonha!

Sinto sua respiração acalmar como um felino aguarda a presa, vejo um ligeiro sorriso se encrespar dos lados e por fim ouço sua voz e sinto o vento que sai da sua boca tocando suavemente o meu ouvido me contando as maledicências que realmente o mundo não está preparado para ouvir, no contar, me arrepio escutando sua disfunção silábica que acrescenta sopros nas palavras com F, e usando sua mão feminil em formato de conchinha sinto o som mais acústico já criado por Deus, nem sei se posso citar Deus tamanha a audácia que saltava de seus lábios e estremecia minha carne provocando um intenso desejo de fazer dos segredos contado uma realização, fechando as pétalas da boca toda desvairada de volúpia se afastou e com um sorriso saliente se apoderou da minha alma naquele instante de confissões negligente de uma alma promíscua, dizem que a curiosidade matou o gato.

Agora eu sei que é verdade!

Sonharei todos os dias com esse brando sorriso, essa voz baixa e doce, e esse segredo que me transporta até o inferno só de me imaginar como espectador do ato.

Adilio Roza