Iara
Serpenteio no mar
Meu canto embala o inocente
Que vaga nas vagas ao lume
Da estrela já poente
No profundo
Em que habito
Escute homem!
Será o seu jazigo.
Do mel que escorre em meus lábios
Serviram-se dez mil marinheiros
Todos fenecem felizes
No regojizo de intenso desejo
Meu cheiro, brisa suave
Derramarei em seu corpo por inteiro
Verterá suor e lágrimas
De um amor
Forte, como a morte
O mais puro
O verdadeiro
Sou sereia
Sou tua Iara
Aquela que te segue furtiva
Que dança no encontro das águas
E quando meu ventre tocar?
Temei
Vigiai
Pois a nau gira
E em meu redemoinho
Sua mente vai naufragar!