PIANÍSSIMO

Olhos nos olhos,

Conectamos.

Silenciosos, contemplamos

A Divindade um no outro

A perfeição das formas.

Aos poucos, os dançarinos,

Imantados pela canção da Alma,

Ensaiam movimentos em largo

Um meio giro e logo te sinto às costas,

Tua barba, teu sopro quente

Nuca, atrás do ouvido

Arrepios incessantes até a aura

Duetos de cordas, harpas, melodias celestiais

Adagio mezzo-piano

Minhas mãos pequeninas

Percorrem teu rosto, teu torso, distâncias

Não sabem onde parar

Os lábios tocam e se tocam

Os teus descem pelo pescoço

Respira em meu colo, notas de lótus e rosas

Tua língua atrevida chega às colinas gêmeas

Desliza proeminências

Se demora no vale

Mordisca os delicados cumes

Ali teus dedos brincam e se demoram...

Mas surge a dúvida

Entre ali permanecer ou buscar outros contornos

Por fim, decidem dali partir

Mas a tua boca quer se deter mais um pouco...

Uma mão faz-lhe companhia

Os picos turgidos, gratos, se deliciam.

A outra percorre meu dorso,

Se deleita, sinuosamente pela lombar

Tange em piano moderato, o arco maior

Decide procurar o ventre

E (nada) despretensiosamente,

Teus dedos desvendam meu Segredo

Cálido, úmido, pulsante molto vivace

Teus lábios levados, não resistem

Também querem provar do pequenino regato

Que nasce na tenra flor

Acariciam as pétalas

Pianíssimo adagietto

A esta altura, já me contorço em súplicas

Pra que meu Rei não mais se demore

O cetro, há muito voltado ao céu

Pronto, o mergulho consagrado

Seguimos alternando piano, mezzo-piano

Allegro, Vivace, Andante

Estribilhos em forte, fortíssimos

Mas ao Cosmos,

Dimensão sutil e Sagrada

Alcançamos

Em Grave Pianíssimo...

E ali permanecemos, dissolvidos

No abraço, no Olhar

No Infinito Silêncio,

A Suprema Dança-Sinfonia.

Ayumi Yosano
Enviado por Ayumi Yosano em 01/07/2019
Reeditado em 02/07/2019
Código do texto: T6686270
Classificação de conteúdo: seguro