Sempre esperas
Podiam ser cinco os botos
E a primeira estrela
E a última embarcação do dia.
Vi os botos em seus destinos
Revi todos os caminhos
Pés marcados na areia
Vi todos os homens em suas esperas
Em esperas
Mulheres, cansadas...
Vi os homens e as redes
Vi os peixes e o ar de sal de janeiro.
Os olhares perdidos
Tarrafas brilhando
“Milagre dos peixes”...
Vi as redes...bebi o mar, o estaleiro...
Eram homens, tarrafas e esperas.
Em meus olhos também navegavam esperas
Naufragava a noite em meus sonhos
Sonhos úmidos em madrugadas.
No meu sono, os botos e o vento de sal de janeiro.
Do céu, pendiam estrelas e a lua de sangue
Anunciada,
Na barra, no porto, a angústia de quem espera
Em mim dormia lenta, esgotada.
Predestinada. Madrugada.
B a t