Sempre esperas

Podiam ser cinco os botos

E a primeira estrela

E a última embarcação do dia.

Vi os botos em seus destinos

Revi todos os caminhos

Pés marcados na areia

Vi todos os homens em suas esperas

Em esperas

Mulheres, cansadas...

Vi os homens e as redes

Vi os peixes e o ar de sal de janeiro.

Os olhares perdidos

Tarrafas brilhando

“Milagre dos peixes”...

Vi as redes...bebi o mar, o estaleiro...

Eram homens, tarrafas e esperas.

Em meus olhos também navegavam esperas

Naufragava a noite em meus sonhos

Sonhos úmidos em madrugadas.

No meu sono, os botos e o vento de sal de janeiro.

Do céu, pendiam estrelas e a lua de sangue

Anunciada,

Na barra, no porto, a angústia de quem espera

Em mim dormia lenta, esgotada.

Predestinada. Madrugada.

B a t

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 18/02/2019
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