OLHO-TE
OLHO-TE
Olho-te,
e gosto de ver-te
não só em corpo,
mas também em alma;
para amar-te
primeiro em espírito,
e após,
sentir-te o corpo macio
qual pelo
de gata siamesa,
que se arrepia no cio
antes de intensa cópula.
Olho-te,
e não quero
logo amar-te, porque
me apraz
contemplar-te o corpo,
para sentir-te
o olor de fêmea
sedutora,
cuja alma dengosa
apenas me sussurra
suaves gemidos de quem
está prestes
a ser amada.
Não preciso
despir-te para amar-te,
porque vejo-te
em perispírito desnudo;
e antes
de amar-te em corpo,
amo-te em espírito,
em cópula perispiritual;
e é tão sublime
o nosso amar espiritual,
que o clímax
vai além
de nossas ânsias carnais.
Aprendi
a não amar-te
só em corpo,
desde que o meu olhar
te penetra na alma;
porque é nela deveras,
que aprendo
a amar-te,
nutrindo-me do amor
que tua alma me doa;
ademais,
basta olhar-te
por dentro de ti,
para saber de teu
desejo, que ame-te
em alma e corpo.
Escritor Adilson Fontoura