Fogo
Eu vi
juro que vi
uma mulher
feita de fogo.
Primeiro, apenas uma ilusão
Vi de relance
Questionei meus olhos
Sobre tal impressão
Porque quando ela sorriu
Seus olhos brilham
como chamas acesas
dentro de uma lanterna
Hipnotizado
Como uma mariposa
por sua chama acesa
eu a segui com o olhar
E na penumbra da noite
sua pele brilhava
ela era um farol
no mar de corpos dançantes
Eu estava bêbado?
Estava fora de minha mente?
Era isso possível?
Eu precisava saber!
Aproximei-me dela
sua forma esguia
tremulando na dança
bruxuleando
Ao seu lado
eu já podia sentir
o calor que sua pele
sem nem a tocar
Seu sorriso se alargou
perigoso, quase doloroso
em sua perfeição
em sua natural sedução
Quando ela falou
Perto demais, para ser ouvida
Seu halito foi uma brisa quente
cheirando a verão
Palavras não foram registradas
pelo meu cérebro derretido
só seu tom reverberou
deliciosamente ardido
Sua mão desceu
muito lentamente
pelo meu peito
sobre a camisa
E como lava viscosa
seu toque me queimou
sobre todas as barreiras
como se elas não existissem
Quando seus lábios
se aproximaram dos meus
Apenas fechei os olhos
e aceitei meu fim
Eu seria consumido
ateado em chamas
uma pira em louvou
a essa deusa de fogo
E sorrindo em seus lábios
Eu abracei sua forma ardente
E deixei-me sufocar
na sua deliciosa perdição
No dia seguinte
Eu era nada mais
que uma vela derretida
descartado e sozinho
E na minha miséria
Continuei sorrindo
em meio a lagrimas
de vê-la partindo
Valeu a pena.