Fogo

Eu vi

juro que vi

uma mulher

feita de fogo.

Primeiro, apenas uma ilusão

Vi de relance

Questionei meus olhos

Sobre tal impressão

Porque quando ela sorriu

Seus olhos brilham

como chamas acesas

dentro de uma lanterna

Hipnotizado

Como uma mariposa

por sua chama acesa

eu a segui com o olhar

E na penumbra da noite

sua pele brilhava

ela era um farol

no mar de corpos dançantes

Eu estava bêbado?

Estava fora de minha mente?

Era isso possível?

Eu precisava saber!

Aproximei-me dela

sua forma esguia

tremulando na dança

bruxuleando

Ao seu lado

eu já podia sentir

o calor que sua pele

sem nem a tocar

Seu sorriso se alargou

perigoso, quase doloroso

em sua perfeição

em sua natural sedução

Quando ela falou

Perto demais, para ser ouvida

Seu halito foi uma brisa quente

cheirando a verão

Palavras não foram registradas

pelo meu cérebro derretido

só seu tom reverberou

deliciosamente ardido

Sua mão desceu

muito lentamente

pelo meu peito

sobre a camisa

E como lava viscosa

seu toque me queimou

sobre todas as barreiras

como se elas não existissem

Quando seus lábios

se aproximaram dos meus

Apenas fechei os olhos

e aceitei meu fim

Eu seria consumido

ateado em chamas

uma pira em louvou

a essa deusa de fogo

E sorrindo em seus lábios

Eu abracei sua forma ardente

E deixei-me sufocar

na sua deliciosa perdição

No dia seguinte

Eu era nada mais

que uma vela derretida

descartado e sozinho

E na minha miséria

Continuei sorrindo

em meio a lagrimas

de vê-la partindo

Valeu a pena.

Kaomy Carvalho
Enviado por Kaomy Carvalho em 23/09/2018
Código do texto: T6457605
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