Tango de tuas mãos

Ânsia.

Nada mais que ânsia pela dança,

À sombra dos gestos, meus olhos fixos estão,

Sutiliza, discrição, silêncio pelas entre linhas,

Entre dedos, entre palavras, silêncio do quase dito.

Ânsia.

Olhos quase vistos pelas lentes que te esconde,

Heroína, mulher que inala a maturidade,

Exala o cheiro de rosa matinal, madrigal,

No desabrochar de um sorriso que se esconde,

Libertando-se aos poucos, de gestos em gestos,

Na sutil timidez que obscurece a fortaleza que se expõe,

Quebrando-se no desabrigar de tuas próprias palavras.

Olhar frenético, observância que teima, teima, teima,

Teimosia inerente aos teus desejos, pele, esta que te expõe.

A antítese do discreto clama pelo teu nome.

Pele nua que se desnuda parcialmente na sensualidade do olhar,

Chave do desejo que me atrai.

Sete pecados que residem sob tua cútis.

Destes, só desejo um: luxúria.

Do inconsciente ao cheiro que se espalha pelo tango de tuas mãos,

Dançarinos dedos, mão que se entrelaça e eclode qual rosa que desabrocha,

Desviando olhares, seduzindo pensamentos entre o dito e o não dito.

Pelo corpo que anseio cheirar qual rosa desabrochada em manhã de primavera,

Tocar-te as pétalas, encontrar teu botão,

Nele, sutil leveza para liberar tua ânsia.

Nele, abrigar-me qual beija-flor extraindo teu néctar, mel de minha ansiedade: fricção.

Beijar-te a pele enquanto sinto a dança de tuas mãos,

À sombra dos gestos, minha boca fixa,

Sutiliza, discrição, silêncio pelas entre linhas e sussurros,

Entre dedos, entre palavras, silêncio, batidas do coração.

Ânsia.

Desejo.

Sutiliza.

Sedução.

De todas estas etapas,

Basto-me no toque suave,

No perfume das palavras,

No silêncio de um sorriso,

No teu olhar de primavera,

Do tango de tuas mãos...