Desconstruindo

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Desconstruindo

Eu desejei

cada milímetro do que vi.

O detalhe rosa do biquini,

em forma de caminho,

passagem estreita, encobre,

sob a água,

indecifrável ilusão da retina.

Os cabelos, molhados, deságuam

em meu também ensaboado corpo.

A água é um convite.

O teu corpo, tentação divinal.

Desejo tua nudez, o paraíso delirante...

Estar mais perto, dentro de você.

Por que a angústia da espera?

Por que a solidão da tela fria?

Busco ter corpo,

de curvas e simetrias.

Busco o repouso do oráculo,

ser a tua profecia.

Crave em mim

o som do teu gemido.

Quero tuas unhas

sangrando minha pele.

Enlace-me, cruze suas pernas,

aperte-me com os pés...

E me puxe!

De repente,

a calcinha amarela enrubesceu-me.

O que esconde a última peça?

Pelos,

a ingenuidade da pele imberbe?

Tenho agora um músculo

que pulsa e que ferve,

desejando tua calcinha retirar.

Vivencio o encantamento

do inusitado encontro,

e a possibilidade de, finalmente,

o teu corpo desnudo vislumbrar.

Sei o que escondes.

Sei que tens

um vulcão flamejante que pulsa,

incha, mela e ferve.

Pulsa e jorra sonhos.

Incha e bombeia insinuações.

Mela e lubrifica o caminho.

Ferve e explode,

em completa erupção.

Nijair Araújo Pinto

Iguatu-CE, 11 de janeiro de 2018.

2h48min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 11/01/2018
Código do texto: T6222864
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