Os de quarenta e poucos
Os de quarenta e poucos.
Gosto da rigidez, ora na fala ora no toque – este que se cala ao tocar, pois sabe calar apenas com o toque.
Gosto do olhar quase sem olhar, pois sabe que um olhar pode dizer muito e este prefere fazer do que olhar.
Gosto das marcas que trás consigo, não como as tatuagens que os de vinte e sete acumulam pelo corpo como quem esconde sua casa – seu corpo, este carrega as marcas de quem já viveu a vida e como quem diz: bem vindo a minha casa – meu corpo.
Gosto de como me toma o faro mostrando seu desprezo pelo tempo, ao contrário dos de vinte e sete anos que julga não ter tempo a perder sem perceber que esta perdendo tempo em apressar as coisas quando está ao meu lado.
Gosto de como trata e utiliza a seu favor a minha timidez me deixando a vontade para com o seu corpo, ao contrário dos de vinte e sete que inibem com perguntas do tipo: você é tímido?
Gosto dos de quarenta e pouco, pois, estes sabem a diferença entre querer e querer, hora é um querer de arrastar de pele, um devaneio, outrora é um simples querer saber que é bem quisto, diferente dos de vinte e sete que não sabem nem o significado de devaneio muito menos o de como expressar o que se quer.
Resumindo, gosto dos de quarenta e poucos.