Os de quarenta e poucos

Os de quarenta e poucos.

Gosto da rigidez, ora na fala ora no toque – este que se cala ao tocar, pois sabe calar apenas com o toque.

Gosto do olhar quase sem olhar, pois sabe que um olhar pode dizer muito e este prefere fazer do que olhar.

Gosto das marcas que trás consigo, não como as tatuagens que os de vinte e sete acumulam pelo corpo como quem esconde sua casa – seu corpo, este carrega as marcas de quem já viveu a vida e como quem diz: bem vindo a minha casa – meu corpo.

Gosto de como me toma o faro mostrando seu desprezo pelo tempo, ao contrário dos de vinte e sete anos que julga não ter tempo a perder sem perceber que esta perdendo tempo em apressar as coisas quando está ao meu lado.

Gosto de como trata e utiliza a seu favor a minha timidez me deixando a vontade para com o seu corpo, ao contrário dos de vinte e sete que inibem com perguntas do tipo: você é tímido?

Gosto dos de quarenta e pouco, pois, estes sabem a diferença entre querer e querer, hora é um querer de arrastar de pele, um devaneio, outrora é um simples querer saber que é bem quisto, diferente dos de vinte e sete que não sabem nem o significado de devaneio muito menos o de como expressar o que se quer.

Resumindo, gosto dos de quarenta e poucos.

Rafitus
Enviado por Rafitus em 11/12/2017
Código do texto: T6195613
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