Devaneios
Ah, se pudesse!
Se pudesse ter agora, na minha, a sua mão,
e ser o seu par num tango místico,
cenograficamente tanguístico.
Um baile..., um sarau...,
uma peça para um único par.
E em homenagem ao silêncio,
ao piano ouviríamos o trinado do vento.
Ah, se pudesse!
Se pudesse chegar bem perto...
Se tivesse permissão.
Ensaiaria uma ode à paixão,
eu me deitaria sobre o seu peito,
no vai e vem da sua respiração.
Ah, se pudesse!
Se pudesse dizer que ti amo, não diria.
Para não perturbar o silêncio, calaria.
Em cena, assassinaria o som
de um sufocado gemido.