Anoitece
Famintos à espera do caos.
As ruas se encantam com cachaça e traições,
fumaça e expediente de máquinas pulsantes nas repartições,
mas resistimos, nus,
mas somos verso, nus,
mas nos comemos, nus,
colados ao pecado que ama
amar assim, devagar,
resoluto,
gostoso,
safado,
puto,
sem parar,
animal.
Famintos à espera de quem?!
Sensações, amor,
empina, domina,
banquete de carne fresca e suor,
explode sem jeito
e sem medo da lua.
Nossos gritos ecoam alto.
Pela janela,
penumbras e versos de quem goza.
Anoitece.