Depois
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Depois
A negritude
do teu olhar perscrutador
sufoca meus desejos.
O negro
dos teus cabelos cintilantes,
faz-me convites.
Nos olhos,
percebi que fumega a lassidão.
Nos cabelos,
o meu desejo de tocar tudo
com as mãos.
A blusa branca, pudica,
contrasta com o vermelho
da minha pele...
O busto encoberto, suplico,
engasga-me o mastro
que se ergue, leve.
Tuas mãos solitárias
carecem doutras mãos.
Tua boca, que inspira árias,
faz de mim louco artesão.
Quero construir teus sonhos;
desconstruir tuas vestes.
Quero cobrir-te de beijos...
Anseio descobrir teus encantos.
E, avidamente,
tocar e sugar teus seios.
Da tua tez,
quero a nudez plena.
Do teu íntimo,
sugar a flor da Açucena.
E embeber-me
do teu gozo,
vorazmente derramado
em minha boca.
Quero ser o divisor de águas;
que, depois de mim,
desapareçam as mágoas,
restando apenas a saudade
de tudo
que na ilusão da penumbra
vivemos a dois.
Nijair Araújo Pinto
Crato, 18 de julho de 2017.
17h32min
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