Teu doce escravo
Conjugo-te, escrava viva,
No limbo mestral dos meus caprichos
onde um mar me enche a sede e dá-me um sorriso
porque em mim respira alguma dor de amor
que se transforma em lágrimas.
Há uma catacumba infernal em teu avesso.
O olhar do teu tempo é rude e esquecedor de mim,
mistura-se aos pedaços de certos improvisos descartáveis,
mas se desisto de ti acho a porta fechada,
como se devesse permanecer teu escravo,
esse maravilhoso homem que te adorna e beija,
e que depois de te seduzir, te aconchega
e te faz feliz sem roupa, antes que teus olhos adormeçam.
Resolvo, então, olhar para o céu e procurar a lua,
me dando aos poemas tristes da noite,
os escuros versos da obediência,
outro poema, quem sabe...
outra coragem inibida, minha.
Colho a safra desses desesperos. A noite se foi.
Para alegrar teu coração novamente,
escondo tudo o que faço de indecente,
sento outra vez à mesa e com amargor
no coração, te olho,
mas não consigo enxergar sequer teu rosto.
Solta-me, que talvez, livre, te ame...