FEITO BALA
Eu girei como o mundo dá suas voltas,
E nas tontearias eu sempre chegava ao mesmo lugar,
Eu destruía as fibras do corpo nestas loucuras,
Em ideias sobretudo profundas e escuras.
Em que pese os esforços a pele que ardia se boicotava,
Apenas um segundo e as direções eram trocadas,
Sufocando a raiz que se despia e comichava,
Nas entranhas apenas um avesso querendo demonstrar.
Essa língua descontrolada soa como um sino tinindo e ardendo,
A transpiração liberando o animal que deseja ser abatido,
Até provar o suco das delicias que ascende além das estrelas,
E que faz delirar como as febres de quem se deixa tocar.
Se dissolve feito bala na boca, e atinge feito bala no peito,
Enfiando intrometidamente a mão abaixo do véu,
Que enlaça desde aquilo que pensava ser proibido,
Arregaçando as correntes de uma velha porta trancada.