Se outra vez fosse agora...

Provar-te,

e melhor seria estar em outro lugar mais frio?

Por que não desceste na correnteza brava daquele rio

onde naufragamos sem decência

pelo amor desfeito, e deitados em terra quente,

até onde as águas haviam sumido?

Pousastes, feito musa de outras estradas.

Fiquei a olhar-te sem mais nada

que, fogosamente, me excitasse os olhos como antes.

Deita novamente em pedra morna.

Que doam duas costas sobre o lombo do lajeiro

e hei de fazer-te mulher de um homem inteiro,

sem as faltas do passado, quase imundas.

Te amar é todo um pecado,

algo retorcido e enovelado,

que me pede a cor de um tempo pintado,

Jamais visto aos olhos, cheio de atalhos,

sem nos levar a qualquer lugar,

mesmo que alhures eu te encontrasse.

Beija-me, que faz calar-te teu maior desejo,

e, se puderes retirar teu medo, vê em mim, o que enfim sabes:

que é o melhor sabor beija teus lábios.