NOITES LUTUOSAS
Numa longa noite fria e escura
eu caminhava qual lupino,
solitário em busca da presa.
Quando um anjo desceu do infinito,
divino com albor,
trazendo em seu olhar cerúleo,
um imenso brilho fixo e imutável.
Era áptero e em sua melena,
trazia incrustadas todas às estrelas,
astros e incalculáveis galáxias
arrastadas do firmamento
pelos ventos uivantes.
Tinha mãos delicadas e delgadas,
que tocavam ágeis uma trombeta,
cravejada de diamantes como alvíssaras
que ficaram esquecidas com o decorrer do tempo.
Seus finos pés calçavam alpercatas,
confeccionadas com o mais fino ouro.
Enquanto sua indumentária mostrava-me
partes de seus seios de um bom tamanho,
deixando-me cada vez mais arvoado
com sua imensa lume.
De seus lábios vermelhos carmim, com traços finos,
ouvi com extrema excitabilidade, sua voz sonora,
cantando para mim um novo cântico de vida plena,
que me fez ficar imobilizado diante a tanta sumptuosidade.
Assim abri meu coração iconotecário para recebê-la,
com o meu mais puro e sincero amor.
Porém ao aproximar-me na tentativa de entregar-me
a ela totalmente atraído pelos seus encantamentos,
esta num momento de empáfia virou-me as costas
e partiu sozinha a seguir seu caminho,
de anjo sublime e solitário que vagueia
dentro das incontáveis noites lutuosas.
Nova Serrana (MG), 03 de janeiro de 2008.