A quatro mãos
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A quatro mãos
Queria explodir!
Dizer que estou feliz
- Dançaria o Boleto de Ravel!
Mas não sei dançar
diante de olhares curiosos.
Dançarei em oração, solitária.
Queria iniciar-me!
Fazer amor, ser feliz!
Mas não sei fazer,
nunca fiz.
Será que aprenderia
- Já estive por um triz!
Queria experimentar!
Pintar quadros,
dar pinceladas multicoloridas.
Mas não tenho o pincel
que desejo...
Meu corpo não sabe o que diz.
Queria dar publicidade ao que sinto!
Dizer para todo mundo:
- Ei, estou feliz!
Ah, mas quando estiver moribunda,
precisando de colo,
não vou chorar feito atriz.
Queria você aqui, meu confidente.
Revelar meus medos, tentar.
Mas não sei desabafar
- Externar que o corpo está pronto,
sedento e fogoso,
pulsando na tela, feito giz.
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 18 de dezembro de 2016.
00h36min
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