SACIA?

enquanto sugava a esponja escondida por trás daqueles marfins

minúsculos e harmoniosos

sentia-se inteiramente fiel ao olhar que se escondia durante o ritual

daquela sucção

vez por outra mãos que percorriam partes

partes que respondiam ao pulso

provocavam uma correnteza interna d'aorta

preenchendo o resto daquilo que faltava

pois na inércia do tatear contínuo

uma outra esponja procurava o badalo do sino

que sem ressoar estremecia dissonâncias calmas e vesgas

alinhadas pela trajetória do apelo confuso e cadente

obtuso e indecente

nunca pelo que não se esperava

mas exatamente pelo que surpreendia

antes da curva da estrela sem brilho

no ponto mais alto daquela viagem

aquela sensação simultânea que redunda e sacia

mas que nunca chega ao fim