Dentro
A esquina ensanguentada,
o labor da noite em dissabores etílicos,
o marido atrasado na estória de sempre,
trapos, farrapos,
homens
de fé e atrocidades.
Cambaleia meu corpo estupefato.
Cambaleia meu olhar embriagado.
Nem tanto.
Aborta-se meu verso em seios de outrem na madrugada.
Gatos, silvos distantes, telhados, politonia miserável.
De quem será o gemido?
De quem será o perfume?
De quem será o troféu?
De que será saciada a ânsia da vizinha?
Meus nervos surtam sedentos noite afora...
Bem sei.
Bem quis.
Fumaça e sorriso na porta dos fundos.
Chamego e correria ao ver meu desejo.
Sussurros e lábios vermelhos em minha chegada.
Por trás.
Sorrateiro.
Forasteiro.
Eu.
Abre-te, moça.
Corpos abertos.
Portões escancarados.
Berros acanalhados.
Dentro.