Vestimenta
Teu corpo é a melhor
roupa pra eu me vestir
numa noite fria de inverno
que se torna sobremaneira quente
à medida que vamos nos despindo:
eu me visto de ti
e tu te vestes de mim
nos cobrindo
um do outro
e descobrindo
os mais íntimos gostos:
bocas que se beijam frenéticas
ouvidos que sussurram palavras desconexas,
exímias rimas encaixadas no ritmo das contrações
do meu corpo atravessado ao dela:
dois vulcões em erupção cutânea
na consumação do gozo
o inverno pega fogo
mais que as altas do verão
verdade é que a chama
dele incendeia e me chama
sem cerimônia em qualquer estação.