Nua solidão
Corria contra o tempo de mão dada
Sozinho, neste deserto rude e agreste
-saudades da vida que deste, do tempo
Areia entranhava-se nos pés, corria
Contra o tempo, sozinho, de mão dada!
Fatiguei o sono, mantive-me acordado
Cheio de um amor abstrato, desejo
Sonho livremente o ar, o mar, o beijo
Na brisa descomprometida da saliva
Nas dunas que se erguem do teu peito!
Se as nossas saudades fossem uma,
Se o gemido do eco segredo,
No desejo escuro, verdade degredo?
Movimentos profundos e calmos,
Amplos, mudos e surdos,
Cabelos desalinhados
E rostos rosados!
A solidão de mim,
De ti, não teria pena!