A Rival - Republicação...  - Poema antigo...

          


Criei-te rival pele na minha pele
odor transpirando
da pele do homem
que chamei de meu
sem poder para arrancar-te
de nós.


Criei-te  outra fêmea
para o gozo dele
que me chamou de sua
certa vez
e já não sei retirar-te
do meu sim
do meu não.


No talvez
há uma grande brecha
para abrigar-te assim,
imensa como és.


Mulher assim transbordante
deste imaginário
na cama, pretérita?
do homem que em noite
de há muito
no sêmen dos segundos
houve inteiro em mim.


Talvez por tão bela
talvez por tão sábia
talvez por tão antiga
mais do que jamais fui.
Flagrante e fragrante no presente
em teu rosto
e em tuas mãos e colo, mulher,
tantos odores
do Cântico dos Cânticos


mulher a quem devo amar
não mais que pela suspeita
de habitares
ao menos a saudade
do homem
que há mundos


no bater dos minutos
nos suores
nos odores
das águas desatadas
em nossos corpos
pude chamar de meu.