SÓ POR UMA NOITE...

E a madrugada amanheceria clara

A se despedir da lua -atordoada!-

Zonza à sentença de se retomar...

Só por uma noite.

E todo o horizonte se abriria em chamas

Na toda ansiedade do que se reclama

Pelo desconexo de só se ser mais um.

Só por uma noite.

Seguiriam ao todo das possibilidades

Dois poemas mortos de realidades

Versos retocados de lugar nenhum.

Pela rota plena de notoriedade

Nunca mais ao alheio das surrealidades

De se amanhecer sem ter para aonde ir.

Só por uma noite.

Pela metafísica de se ser estado

Uno em latência: doces corpos amargos!

Tão fragmentados na rota do existir.

Só por uma noite...

No ininteligível dum arder teimoso

Corpos conjugados em verbo medroso

Pelo anteverso de querer seguir...

Só por uma noite.

Almas plenificadas na sina consumada

De jamais saber o fim da caminhada,

Ainda que em tomos dum vil prosseguir.

Deste poema incauto feito em noite alta

Soaria o arauto duma lira em flauta:

Só por uma noite...e a vida a ressurgir.