Motel de estrada
Da porta entreaberta
vemos os ares e os pares.
Miudezas compostas,
safadeza proposta,
ensaios postos à mesa,
sombras que se matam no terreno ao lado
e a segurança dos astros sobre nossas cabeças.
Faz, amor!
É barato.
É suor.
Faz amor como quem ama.
Entreabertos estamos,
à procura de testemunhos
carne e sangue,
uns segundos bêbados,
segundos preciosos,
primeiros a morrer de amor.
Faz, amor!
Faz direito
que a cama é alheia,
faz direito
que o eco vale a pena.
Uns ecos do que é talvez sagrado,
pecados diurnos que se atrasam
por amor às traições,
nas bordas noturnas,
nos bandôs envelhecidos,
na textura dos lençóis,
antes da conta,
valores reais.
Da porta entreaberta
vemos os casais,
à moda antiga,
pois as novidades suprimem
o gozo.
Uns ecos de submundo
entre nossas pernas.
Motel de estrada.