Motel de estrada

Da porta entreaberta

vemos os ares e os pares.

Miudezas compostas,

safadeza proposta,

ensaios postos à mesa,

sombras que se matam no terreno ao lado

e a segurança dos astros sobre nossas cabeças.

Faz, amor!

É barato.

É suor.

Faz amor como quem ama.

Entreabertos estamos,

à procura de testemunhos

carne e sangue,

uns segundos bêbados,

segundos preciosos,

primeiros a morrer de amor.

Faz, amor!

Faz direito

que a cama é alheia,

faz direito

que o eco vale a pena.

Uns ecos do que é talvez sagrado,

pecados diurnos que se atrasam

por amor às traições,

nas bordas noturnas,

nos bandôs envelhecidos,

na textura dos lençóis,

antes da conta,

valores reais.

Da porta entreaberta

vemos os casais,

à moda antiga,

pois as novidades suprimem

o gozo.

Uns ecos de submundo

entre nossas pernas.

Motel de estrada.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 25/02/2016
Código do texto: T5555439
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