PURO SANGUE
A cela do cavalo que montas
cela tua vontade
de ficar pronta
não tem cela nem grades
cela tua carta
sobre um beijo dado
minha boca fechada
cela tua vontade
de ficar pronta
a cela do cavalo que montas
o couro tramado
entrelaçado
cela tua mentira
desse olhar que afronta
na parede do quarto
tem riscos rabiscados
de unhas ferozes
doses de cores
e sangue escorrendo
manchas sorvidas de língua
desejando de novo
no sabor que fica
tua cela escorrida
dos sulcos do gozo
cela meu tempo de ereto
que bebe teu gosto
a cela do cavalo que montas
cena de trote
no barulho de cascos
ela de bota colorida
desmonta
cavalo deixado com cela
amarrado no ato
do poste na esquina
ate-me fogo desde os pés
ata-me por cordas
laços abraçados
desejo teu mel
fingirei de olhos vendados
que o frio subindo
pelas mãos em meu corpo
querem saber
lá no final menina
o que no final da rua
brilha
não tem saída
deixou tua fuga atada
sobre a cela montada
que cela tua sina
não desista agora
não desista de nada
não desista agora
não desista
vai ser amada
num gole pulsante
do que procuras desarmada.