Gosto de mato
Gosto do mato,
silêncio e horrores noturnos,
estórias e testemunhos na ponta da língua,
além do mel, além do mel.
Gosto do mato.
Grito contido nas bordas da cama,
fogo gostoso na hora da cama,
luz à disposição dos gestos,
gestos sutis sob elegância de tanta obscenidade,
corpos suados,
rostos suados.
Na ponta da língua, a razão dos gritos.
Na ponta dos dedos, gemidos por um pingo de razão.
Gosto de mato.
Sol rompendo entre nós,
bem-te-vi e outros segredos,
primavera bate à porta,
teu pai cansado bate à porta,
os olhares atentos espreitam à porta...
Bom dia, senhores.
Dia lindo através das varandas.
Vizinhança agradável de sono ligeiro.
Gosto de mato, moça mimada.