Gosto de mato

Gosto do mato,

silêncio e horrores noturnos,

estórias e testemunhos na ponta da língua,

além do mel, além do mel.

Gosto do mato.

Grito contido nas bordas da cama,

fogo gostoso na hora da cama,

luz à disposição dos gestos,

gestos sutis sob elegância de tanta obscenidade,

corpos suados,

rostos suados.

Na ponta da língua, a razão dos gritos.

Na ponta dos dedos, gemidos por um pingo de razão.

Gosto de mato.

Sol rompendo entre nós,

bem-te-vi e outros segredos,

primavera bate à porta,

teu pai cansado bate à porta,

os olhares atentos espreitam à porta...

Bom dia, senhores.

Dia lindo através das varandas.

Vizinhança agradável de sono ligeiro.

Gosto de mato, moça mimada.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 12/12/2015
Código do texto: T5477863
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