PIERROT CARENTE
Lembro dos carnavais,
confetes e serpentinas.
Tempo que não volta mais.
Saudade das colombinas.
Lançava o perfume nelas,
nada era proibido.
Pernas expostas, tão belas,
olhar de menino atrevido.
Um pierrot tão carente
buscando amor passageiro.
Na cama, arlequim demente.
Gozo de Fevereiro.
Bailarinas fogosas,
bruxinhas espevitadas,
ciganinhas dengosas,
muitas fadinhas levadas.
Todas, um dia, provei,
sendo, por elas, amado.
Mas no fundo era um rei
de sombrio reinado.
Nas cinzas de quarta-feira
renascia a rotina.
Findava a brincadeira.
Solidão, minha sina.
Hoje lembrei da mocinha
que cruzou meu caminho.
Que pena, não quis ser minha.
No quarto, me acabei sozinho.