Sou o descontínuo ...
[...]
sou a água que deságua
frente ao que te molha ...
mato a tua sede que tanto me afoga...
sou a ardência das tuas noites
e me queimo por entre as pernas
sou o que tu pedes
e sou-me o que invento:
_ sou chamada por ti
e me chamo pelo eco.
... não te pertenço
e nem tenho tua posse ...
e me estendo sobre a minha própria sombra
que te cobre bem mais quente ...
sou o rio; num mar tão maltrapilho;
te consagro nos meus sais
no doce do teu cio
(que tanto destilo) ...
porque sou a própria água que te deságua
dentro desse desatino ...
Flor da pele - Zeca Baleiro