Sou o descontínuo ...

[...]

sou a água que deságua

frente ao que te molha ...

mato a tua sede que tanto me afoga...

sou a ardência das tuas noites

e me queimo por entre as pernas

sou o que tu pedes

e sou-me o que invento:

_ sou chamada por ti

e me chamo pelo eco.

... não te pertenço

e nem tenho tua posse ...

e me estendo sobre a minha própria sombra

que te cobre bem mais quente ...

sou o rio; num mar tão maltrapilho;

te consagro nos meus sais

no doce do teu cio

(que tanto destilo) ...

porque sou a própria água que te deságua

dentro desse desatino ...

Flor da pele - Zeca Baleiro

Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 11/08/2015
Reeditado em 11/08/2015
Código do texto: T5342930
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