Dos beijos, das línguas...
Dos beijos, das línguas...
Da língua do teu corpo sinto muita saudade.
Como era bom, um falar ao outro,
a dizer que sabores acharam,
que perfumes sentiram
depois de lambidas às carnes,
sentido todos os gostos dos olhos
nas sedutoras noites de farras...
Tua língua morna me esquentava,
varria meus lábios impiedosamente,
adocicando ainda mais meus loucos desejos
que, por elas, começavam a voar e voar e voar.
A tua obedecia à minha
e havia instantes que se demoravam convolutas
a encherem ambas as bocas, uma a uma, duas a duas, todas.
Sempre tratei nossos beijos como algo muito acima de nossos desejos,
por isso eles conversavam tanto e nos escondiam prantos,
e no fim, ai de mim, por que tu, gulosa, como sempre o foste,
demorava-se nos loucos pernoites que tínhamos abraçados,
boca a boca, cara a cara, corpo a corpo!