Ode a Louise Labé * Antonio Cabral Filho - Rj
Ode a Louise Labé
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Não invejem assim
tão licenciosamente
o objeto amado
e seu amante
pois viver é
amar tão simplesmente
que o contradito
nem se faz constante.
Não há musa solteira
nem coração sem chamas
nem Laura sem Petrarca,
Beatriz sem Dante,
Salomé sem Rilke,
Lila sem Maiacovski,
Carolina sem Machado,
Pagu sem Oswald
ou Louise Labé
sem seus amantes
e eros sem Afrodite.
Inútil opor estrela e brilho,
pois assim como os ateus
neguem existência a Deus
e os judeus ignorem Jesus,
o belo serve à luz.
Mas no céu dos poetas
Louise Labé é diva
senhora de harém particular
e cada deus das suas fantasias
vive plugado ao seu imaginário.
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