Sem medida
Amavam-se como a fúria do rio
Que desce da pedra à procura do mar
Amavam-se como a dor de quem parte
Precisando sair e querendo ficar
Amavam-se num amor desmedido
Tão sem sentido
Que dava aflição
E como se amavam Maria e João
Era um amor de poucas palavras
Mais que amor
Penar e ilusão
Era um amor de ofício
Absurdo e inseguro
Que de tão pagão era puro
E vinha na madrugada
Como um vento de furacão
E amavam-se pelas ruas da cidade
Aquele amor imaturo e sem idade
Amor de silêncio e contrição
Se amavam eternamente Maria e João
Beijo a todos!