BAILÃO
Você fez, pra mim, arroz doce,
canjica, bolo, mungunzá.
Vou por fogo no arraiá,
batida, do demo, eu trouxe.
Noivinha, linda e safada,
pulando no colo do frei.
Rainha que nem viu o rei,
pro mato, indo com a delegada.
Beata, outrora tão pura,
pecava com o sacristão.
O fogo daquele canhão,
agora ninguém mais segura.
O sanfoneiro arretado,
de olho na bunda da moça
lavando um monte de louça,
já tinha um plano traçado.
Quando terminasse o bailão,
iria levá-la embora.
Já tinha passado da hora,
de ter aquele corpão.
E eu agarrado naquela
que é dona dos meus desejos,
nem via o tanto de beijos,
mandados por uma banguela.
Por fim, tudo terminado,
cheiro de gozo no ar.
Um brilho estampado no olhar,
em cada corpo um pecado.