BAILÃO

Você fez, pra mim, arroz doce,

canjica, bolo, mungunzá.

Vou por fogo no arraiá,

batida, do demo, eu trouxe.

Noivinha, linda e safada,

pulando no colo do frei.

Rainha que nem viu o rei,

pro mato, indo com a delegada.

Beata, outrora tão pura,

pecava com o sacristão.

O fogo daquele canhão,

agora ninguém mais segura.

O sanfoneiro arretado,

de olho na bunda da moça

lavando um monte de louça,

já tinha um plano traçado.

Quando terminasse o bailão,

iria levá-la embora.

Já tinha passado da hora,

de ter aquele corpão.

E eu agarrado naquela

que é dona dos meus desejos,

nem via o tanto de beijos,

mandados por uma banguela.

Por fim, tudo terminado,

cheiro de gozo no ar.

Um brilho estampado no olhar,

em cada corpo um pecado.

Poeta Télio
Enviado por Poeta Télio em 25/12/2014
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