Insone
Utilizei a noite para contar estrelas
tateei a insônia para sentir a lua
- bem antes da ruptura rasgada -
e à forceps, deixei as entranhas
e derramei todo o escarlate
E a noite me usou na brandura
como quem alisa as pétalas nuas
E do meu ventre em convalescença
deitei os rios na cabeceira
na torpidez de quem anuncia
na aridez de toda a areia
e silenciosamente a noite adormece
n'algum gozo... talvez.