INSPIRAÇÃO
Rasgadas as roupas das horas frias
afloram-se pelos e letras adormecidas
arrepios vertiginosos acalorando a tez
onde os sentidos se perdem pelos vãos
Que a licença poética me de asas e asas
e que elas me levem, ao templo onde ardem
todas as quimeras com tuas faces de deusas
entoando cânticos salazes e gemidos pagãos
Nesta palidez que habita a minha carne agora
sejas tu centelha, áurea em rubor, imaginação
Que a altivez do teu toque perfumado de rosas
liberte o verso com audácia, leveza e profusão
Faça-me teu anjo ou tua escrava, dama cálida
e sejas tu, o peso inerente sobre o meu corpo
a língua fremindo desejos, os dedos, a mão
Cálice a derramar-se em tintos sabores
Bebes-me sangue, intensidade e palavras
pois, que sou todas e aquela única que rima
com sensualidade, loucura, amor e paixão
Insensatez!
A flor...
Que da nudez, explícita de minh' alma brotem
suores e orgasmos exalando, olores de poesias
Lambes tu de meus versos
todo vestígio de lucidez