Dois corpos
Não são vinte horas
Em algum porto
Existe uma espera
Um marinheiro desperta
Uma prostituta chora
De tristeza e cio
Não são vinte horas
Mas dois corpos
Fundem-se sobre a cama desfeita
A nudez da noite se aproxima
E cai uma estrela
A cidade arte
Num quarto banal
Há duas bocas
Quatro mãos
Um discreto ranger de dentes
E um vento salino, arenoso e quente
Corrói a noite
Em algum lugar
Um rio agoniza
Quase sem nascente
Dois amantes se tocam
Estremecem e suam
A noite eterna
Recém inicia
Beijo a todos!