Amor de Pandora
Bocas se tocam em silêncio
e ao invés de palavras
trocam salivas...
gostos, ventres e sentidos.
Há um azul de céu nublado
em seus olhos...
E há um mar de tempestades nos meus...
Naufrágios sepultam estórias.
Destroços e as sereias cantam em requiém.
Despimos nossas fantasias
e nesse encontro civilizado
as palavras ritualizam gestos
numa pantomima rica
de significados sedutores.
Depois quando a manhã
chega lentamente
pondo luz em trevas insípidas
todo o colorido recente
de nossas retinas
se contrai...
Voltamos ao início do labirinto.
As distâncias incomensuráveis.
A régua a delimitar passos,
caminhos e trajetórias.
Feito uma bala perdida.
Volto ao revolver.
Reponho ao coldre.
Guardo novamente
todos os significados
na caixa de Pandora.