ARREMEDO DE FETICHE

Me sobra um gosto amargo,

Uma vontade imprudente de ir além.

Não preciso de passo largo

Nem do ofegante apito do trem.

Só esta inquietude de meus devaneios

De não deixar tudo como está.

Marca registrada são meus anseios

De não pensar em quando voltar.

Mas se tua cinta-liga e teu espartilho

Me amarram ao primeiro olhar,

Que dizer de teu sorriso convidativo

Mais do que querer, ser e estar.

De tuas coxas em breves silhuetas

E teus pelos e apelos ardentes,

Por mais que eu tente e prometa

Sou traído por desejos dementes.

Paro aqui, pois não procuro

Conforto e abrigo nas letras.

Foi só do meu ego um murmúrio

E meus dedos fazendo mutretas.

Tarcízio
Enviado por Tarcízio em 16/09/2014
Reeditado em 26/11/2014
Código do texto: T4964238
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