ARREMEDO DE FETICHE
Me sobra um gosto amargo,
Uma vontade imprudente de ir além.
Não preciso de passo largo
Nem do ofegante apito do trem.
Só esta inquietude de meus devaneios
De não deixar tudo como está.
Marca registrada são meus anseios
De não pensar em quando voltar.
Mas se tua cinta-liga e teu espartilho
Me amarram ao primeiro olhar,
Que dizer de teu sorriso convidativo
Mais do que querer, ser e estar.
De tuas coxas em breves silhuetas
E teus pelos e apelos ardentes,
Por mais que eu tente e prometa
Sou traído por desejos dementes.
Paro aqui, pois não procuro
Conforto e abrigo nas letras.
Foi só do meu ego um murmúrio
E meus dedos fazendo mutretas.