Presença
Vou a ti,
E esqueço minha blusa
Teus sapatos,
Nossos mundos separados
No tapete
Da sala de estar.
Quebro teu relógio
Da algibeira do tempo
Adentro teu quarto
E na tua cama em desalinho
Tomo posse do teu corpo
Que repousa febril
O sono dos amantes.
Minha boca
Deixa um rastro de saliva em teu pescoço
E desce devagar
Pelo teu peito nu.
Somos de nós na volúpia do mar
Em tempestade
Únicos e febris.
Estamos no meio da cópula
Das ondas frenéticas
Em deslize oblíquo e viril.
Novamente em nós
E sem retorno
No mesmo lugar colonizado
E devastado pelas nossas bandeiras.
Lá... Onde teus sussurros emaranham-se aos meus
E tua boca desce pela minha pele que arde
Numa mistura, molhada e em êxtase.
Nosso universo
No meio do atlântico suor
De nossos corpos em compasso
Nos devora
Como animais no cio das estrelas.
E minhas mãos jogadas
No teu corpo sobre o meu
Ainda tremem
Na delícia do encaixe.