Contramão

Despidos do que somos

Restam-me teus olhos longínquos e tristes

E o caminhar pelo teu rosto

Entre toques de desejo e paixão.

Meus dedos febris tentam desvendar

E sucumbem

Na possibilidade

Masculina de teus sentidos

Nos meus.

A visão da tua pele exposta

E a sombra da barba por fazer

Arrebatam minha pele em chamas.

Desnudos do que somos

O que somos nós, amor?

Marés em silenciosa agonia

Jogadas a ermo e sem direção

Substituídos pela ventania

E presos na contramão.