A FERA

Ouço teu rugido, fera esfaimada,

Na penumbra entrevejo teu vulto

Tal qual serpente raivosa, enroscada,

Pronta a reagir ante o menor insulto.

Eu, furtivo e tenso reanimo o tato,

Trêmulas as mãos, coração em brasa,

Rondando o bicho que não é do mato,

A temível fera que habita em casa.

Lanço-me ao ataque sem temer a luta,

Entre tuas garras já me tens cativo;

Com desejo insano, com ânsia bruta

Exploro teu corpo, cálido, lascivo.

A ardente luta já se faz mister

E sobre o teu, meu corpo se deprava;

Que terrível fera és tu, mulher!

Venceste-me enfim, ferazinha brava.